quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Patrimônio e meio ambiente – o custo de intervenções conscientes


               Dois temas da atualidade no Brasil e no mundo tem sido objeto dos embates entre desenvolvimento e preservação do patrimônio histórico e do meio ambiente.
               Os conflitos surgem do alto grau de urbanização que chegaram as sociedades contemporâneas. Decorrente desse processo encontra-se a necessidade de infraestrutura e crescimento econômico para atender as demandas por serviços e o anseio das comunidades por recuperar sua identidade com os seus “lugares” de viver.
                No caso do meio ambiente fala-se em um aumento de 30% no custo das obras de proteção contra os impactos ambientais provocados por elas.
                Evidentemente, esta cifra não pode ser generalizada, pois, orçamentos de obras são elementos específicos condicionados ao detalhamento das condições locais, preço de mão de obra, acesso a materiais, e particularmente dos projetos.
                Deve-se ainda descontar o ônus gerado pela prática dos governos de licitar obras sem os respectivos projetos executivos que visam prever todos os detalhes necessários e os custos cujo próprio nome já diz, de executar as obras.
                 Se eliminarmos os fatores que geram um adicional aos custos das obras, mesmo assim as exigências ambientais vão aumentar seus custos. Para que este impacto não gere a ideia distorcida que a preservação ambiental atrapalha o desenvolvimento é necessário que os governantes e os empresários valorizem a prática de planejamento e de elaboração de projetos com a antecedência exigida para adequar os projetos ao meio ambiente de cada localidade, dentro de um conceito abrangente que inclua as populações envolvidas.
                 O problema da preservação do patrimônio histórico exige também uma abordagem abrangente que envolva o patrimônio construído e o imaterial que inclui a memória das comunidades quanto a vivencia, quanto à paisagem e aos usos que ela deseja verem preservados.
                As cidades de um modo geral guardam relíquias construídas que significam muito para seus moradores, pois os remetem a tempos áureos da formação e vitalidade do seu momento de fundação ou de grande pujança econômica.
                Nas metrópoles, há um sentimento semelhante, pois a velocidade de mutação da paisagem faz com que o crescimento do sentimento de perdas afetivas se expresse às vezes de maneira subjetiva, às vezes com a defesa de bens construídos sem muita certeza do que podem significar. Nesse caso, às vezes preservar a paisagem significa um anseio por um retorno a uma vida gregária que a excessiva verticalização urbana afasta cada vez mais das comunidades.
                Novamente aqui se coloca o problema do planejamento e do projeto. Nem tudo pode, deve ou merece ser preservado numa metrópole que possui gigantescos problemas de infraestrutura, serviços e habitação. Mas, há um grande potencial ocioso, fruto da dinâmica econômica e empobrecimento, sendo necessária a identificação dos espaços com os quais a sociedade se identifica para incluí-los no processo de desenvolvimento, planejamento e crescimento das cidades.
                É o custo de reconquistar a integração do tecido social urbano, humanizar a cidade e acabar com o “apartheid” entre bairros, populações, trabalhadores e governantes. Assim mudaria o conceito do que é uma obra cara.

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