domingo, 8 de setembro de 2013

Drummond disse sobre Reidy algo que deixa a morte com gosto de elegância


Affonso Eduardo Reidy foi o arquiteto que projetou o MAM no Rio de Janeiro na década de 50.
Vi há alguns dias atrás um documentário, "Reidy a construção da utopia", realizado sobre sua vida e obra por Ana Maria Magalhães no canal de TV a cabo chamado Curtas! que aqui divulgo pelo excelente conteúdo que apresenta. Aprendi muitos fatos sobre esta obra e sobre o Aterro do Flamengo com os diversos depoimentos, principalmente o de Carmem Portinho. Mas o mais bonito foi ouvir o que Carlos Drummond de Andrade escreveu sobre a morte prematura do arquiteto com apenas 54 anos.
      Disse Drummond:

A morte de Affonso Eduardo Reidy desperta-me antes de tudo uma sensação de coisa errada, fora de norma e ritmo. Como se ele, cedendo à modéstia, houvesse furado a fila dos mais velhos, que estavam na sua frente, para chegar primeiro. Reidy era a distinção, a finura em pessoa, não podia passar à frente de outros. Tinha um modo tão seu de trabalhar em discrição, como tantos outros trabalham em apoteose. Sua vida merecia ter sido longa e protegida dos males cruéis. E depois, apenas um cinquentão, ele tinha ainda muito que fazer por causa do muito que já fizera. Nós, usuários dessa criação, estamos sempre exigindo mais. Nada pedimos aos omissos e aos estéreis, mas de um sutil manipulador de forma e espaço, como Reidy, quanta coisa se podia esperar ainda!

       Esse filme me atingiu como uma flecha lembrando que o homem deve deixar um legado para sua pátria, para seus filhos, para o futuro. Persigo esse caminho ainda com obstinação, não sei quando vou parar, mas, quero seguir o exemplo dos mestres que fizeram arquitetura com gentileza, sem arrogâncias.

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